Sou Leandro da Costa Carvalho, conhecido como Lete. Vou contar aqui a minha história. Eu tenho um comércio chamado “Comercial Betão”, que fica no Bairro da Princesa (Parintins-AM), reduto do Boi Bumbá Caprichoso. Tudo estava caminhando bem até a chegada da pandemia.
Em 3 de março, durante a pandemia, minha mãe, Joana da Costa Carvalho, morreu. Além disso, a pandemia fez com que fossem canceladas duas edições do Festival Folclórico de Parintins. Por dois anos, nós não tivemos Festival. Então, não pude contar com o trabalho que tinha a partir da Festa do Boi. Tive que focar na minha loja. Não foi fácil, já que a Festa do Boi aquece a economia local, movimenta todo o dinheiro do município de Parintins.
Como se não bastasse, em 30 de julho deste ano, houve uma enchente grande no bairro que invadiu a minha loja e tudo ficou alagado. Com isso, a situação ficou ainda mais difícil.
No próximo ano, esperemos que o Festival Folclórico de Parintins aconteça porque é uma ajuda muito grande para economia do município.
Pós-pandemia e a volta da Festa do Boi em Parintins
Graças a Deus surgiu a vacina. Com a primeira e segunda dose da vacina, o índice de mortalidade caiu muito e já podemos sorrir de novo, fazer a primeira festa para o nosso Boi. Ainda não pude exercer o cargo de diretor comercial, mas já trabalhei na Festa do Boi e consegui arrecadar algum dinheiro e pude investir na minha loja.
Infelizmente, a festa não foi igual às edições anteriores, porque muitos dos nossos amigos já não puderam estar no evento, assim como também a minha mãe, que era torcedora fanática do nosso Boi. Mas nós sentimos muita emoção, vibração.
Falando da vacina, graças a Deus, todo mundo está se vacinando e já podemos ver por aí muita gente nas festas.
No próximo ano, esperemos que o Festival Folclórico de Parintins aconteça, porque é uma ajuda muito grande para economia do município. Espero que essa pandemia não volte mais e que dê tudo certo para termos nossa vida normal.
Uma lição: A gente tem que mudar, olhar mais para o próximo
O que eu tiro dessa experiência como lição é que não foi fácil você ver gente praticamente passando fome: tinha chamada de doação de rancho, de cestas básicas, da Prefeitura de Parintins até os blocos de carnaval. Do mesmo modo, não foi fácil ver várias e várias casas alagadas.
Eu tive o prazer de participar de uns eventos de doação de rancho para a população que perdeu muita coisa por causa da enchente, que perdeu parentes. A enchente em Parintins foi um fenômeno que não acontecia desde 2009.
Eu acho que isso é algo que todo mundo tem que repensar porque não foi fácil passar pelo que nós passamos. A gente tem que mudar, olhar mais para o próximo.
Graças a Deus vários órgãos e os Bois-Bumbás, principalmente o Caprichoso, sua diretoria e patrocinadores, conseguiram vários ranchos para doação. Uma lição que eu tiro dessa situação é a consciência que tivemos de tudo o que aconteceu.
Temos que amar mais o próximo. Tentar perguntar o que está acontecendo, não julgar as pessoas antes de perguntar “o que está acontecendo com você, o que tá acontecendo na sua família?”
Eu acho que isso é algo que todo mundo tem que repensar, porque não foi fácil passar pelo que nós passamos. A gente tem que mudar, olhar mais para o próximo.
Essa tempestade já está passando. Já estamos enxergando nuvens brancas, o céu azul de novo. O tsunami, o temporal, já foi. Agora estamos vendo o céu azul e, se Deus quiser, vai dar tudo certo. Se Deus quiser, vamos voltar a ter nossa vida normal de novo, mas sempre olhando para o próximo.
Você que está lendo este texto, tenha fé em Deus que tudo isso vai melhorar, tudo. Não é só aqui, para gente que mora em Parintins, o Brasil todo vai melhorar. Você visitante, quando chegar aqui em Parintins, vai chegar com aquela alegria, com aquela emoção que você pensava que não ia mais sentir. Você vai sentir porque Deus é lindo, Deus é tudo e quem tem fé em Deus vai longe. Pense nisso, Deus é tudo.