Eu me chamo Hiago do Vale. Sou um homem trans, brasiliense, tenho 23 anos, atualmente estou desempregado e faço faculdade de Ciências Contábeis.
Com o surgimento da pandemia, minha família, assim como tantas outras, teve que se adaptar: minha mãe começou fazer máscaras para vender, meu sobrinho as vendia na rua e eu auxiliava minha mãe na produção.
No início da pandemia, eu estava fazendo estágio e minha vida financeira estava estável. Porém, com o fim do estágio chegou ao fim e não tive nenhuma outra oportunidade de trabalho. Nesse cenário, minha mãe teve que arcar com minhas despesas e as do resto da família.
Com o passar do tempo, fui ficando cada vez mais triste, me sentindo sozinho. Acabei entrando em um relacionamento super tóxico, passei de todos os meus limites, me vi no fundo do poço, mas consegui sair com vida.
Após romper com esse relacionamento tóxico e ter depressão e ansiedade, vi que precisava fazer algo por mim. Foi quando fiz a retificação de nome e comecei a terapia hormonal. Ainda por meio desse relacionamento, eu conheci a organização não governamental (ONG) Tulipas do Cerrado, onde fui acolhido por todos, todas e todes.
Na organização, pude conhecer e vivenciar novas experiências, bem como receber ajuda com cestas básicas, insumos para casa, e participar de encontros maravilhosos com troca de conhecimentos. Também recebi ajuda financeira com os trabalhos de campo que realizei oferecendo cuidado a pessoas em situação de rua e a profissionais do sexo.
Tenho orgulho de dizer que faço parte desse coletivo maravilhoso. Além disso, na pandemia, comecei a fazer terapia com psicólogo e com isso fui melhorando, me sentindo bem comigo mesmo. Felizmente não tive nenhuma perda de parentes ou amigos próximos.