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“Comecei a estudar durante a pandemia; quero aprender a ler e escrever”

Relato de João Pereira, produzido pela Organização Olívia Gama para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

Passei a estudar, durante a pandemia, na Associação de Mulheres de Sobradinho II, onde fui acolhido há cinco meses. Por meio dos estudos, também ganhei novos amigos. Há 48 anos, eu moro em Brasília. Morei de aluguel, por muito tempo. Aqui, comecei a estudar e arrumei uma casinha com a Ivonete, uma pessoa muito legal. Com fé em Deus, a gente vai permanecer na escola. Hoje, ajeitei um local pequeno e estamos aqui. Estou aqui até hoje, onde tem luz. Eu não tenho do que reclamarda minha querida Ivonete.

Eu vou aprender a ler e escrever. Tudo começou quando a ‘tia’ procurava por alunos interessados em estudar. Então, eu me ofereci. Foi assim que comecei a aprender a ler e escrever. O meu amigo, o Daliano, também estuda com a gente.

Antes, eu morava de aluguel, então comecei fazendo uns bicos. Arranjei um local para abrir um barzinho para eu trabalhar, porque nunca fiquei quieto. Então, investi nesse barzinho. Hoje, tenho lugar para morar, onde posso ficar dentro de casa. E, se Deus abençoar e tudo der certo, em breve, voltarei para casa. 

Enfim, penso em retornar. Mas, antes, vou continuar na escola, pois não vou parar de estudar. Sei que preciso continuar os estudos. Eu acredito que Deus vai me abençoar e eu vou ser muito feliz. A gente vai lutando e, aos poucos, tudo dá certo.

Eu nasci na Bahia, saí de lá aos 10 anos de idade. Cheguei em Minas Gerais com a minha madrinha. As pessoas achavam que éramos ciganos, porque a gente não parava em um lugar só. Algumas pessoas tinham até medo de mim, por acharem que eu era cigano! Elas diziam assim: “olha o cigano ali”. Mas, eu dizia: “não tenha medo, não sou cigano”.