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25 a 39 anos Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Paraná Parda Pós-Graduação Incompleta Raça/Cor

“A rotina das benzedeira foi impactada e alterada drasticamente”

Sou antropóloga e tenho acompanhado as benzedeiras do centro do sul do Paraná nos últimos anos. As memórias da pandemia, das benzedeiras, revelam trajetórias de dor, angústias e perdas, mas também de processos de resistência, de organização e de cuidado com a vida.

Então, nesse período da pandemia do covid-dezenove, a rotina das benzedeira foi impactada e alterada drasticamente no atendimento das pessoas que procuram as em suas casas.

Como medida de segurança, isolamento social e físico, as benzedeiras realizaram benzimentos à distância, usando cada vez mais as tecnologias da comunicação como os aplicativos do WhatsApp, do Facebook e também com ligações por chamadas que receberam e anotaram o nome das pessoas que pretendiam  benzer.

Rede de apoio

Também foram apoiadas por suas famílias, filhos, filhas, principalmente netos e netas que ajudaram no manuseio de smartphones para que pudéssemos fazer essa mediação. Também já é uma prática das batedeiras, uma prática tradicional, o benzimento à distância é, quando chega até as benzedeiras, recados de vizinhos e parentes que trazem o nome ou peças de roupa da pessoa que tá buscando o benzimento, para que a benzedeira  possa realizar a prática de curas.

Movimento aprendiz da sabedoria, que é organização social das benzedeiras do Centro-Sul do Paraná, participou ativamente de lives, encontros, discussões, né? Com algumas benzedeiras que tiveram condições de realizar esses encontros de forma remota, nas plataformas virtuais, né?

Com destaque ao evento BENZEDEIRAS MULHERES DE FÉ, promovido pelo Museu Paranaense homenageou as benzedeiras do Paraná no mês de março de dois mil e vinte e um e assim como outros espaços de encontro e de troca de experiências.

Mesmo num momento de perdas, de tensões, de angústias, as benzedeiras continuaram praticando o benzimento, é Contribuindo, promovendo a saúde popular através de suas orações, de suas rezas, dos seus conhecimentos, sobre o uso das plantas medicinais  e desta forma também ela tem amenizado essas feridas, essas dores da pandemia.

Relato de Taisa Lewitzki, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

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60 anos ou mais Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Não frequentei a escola Paraná Prta Raça/Cor

“Só Deus pode ajudar a gente a curar as pessoas”

Meu nome é Sebastiana, sou benzedeira de Irati e eu agora com essa pandemia eu fiquei um mês só sem aprender, mas não por causa do luto que eu falava é luto.

Mas daí eu continuei atendendo porque as pessoas precisam, tanto as crianças, todo mundo tem dor, tanto as crianças como os adultos.. E eu continuei a benzer, por que eu benzo de, de várias coisas. Eu benzo as crianças de corta o ar dentro de susto, de quebrante, de bicha, e aos adulto e eu costuro rangedura e dor de dente e várias o que precisar o peso da aranha o peso de cobra muitas o que  precisar eu to ali pra atender. Graças a Deus todo mundo que vem lá é curado e eu fortificado com o poder de Deus que só Deus pode ajudar a  gente a curar as pessoas porque ele pode curar e pode é salvar, pode fortificar as  pessoas.

Relato de Sebastiana Ferreira, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

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60 anos ou mais Ensino Fundamental Incompleto Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Paraná Prta Raça/Cor

“Não é porque a pessoa não acredita que ela não vai pegar a Covid-19”

Só depois é que eu fico pensando: Se não acredita, não é que vai pegar. Meu nome é Alzira, moro em Rebouças, e continuei o meu trabalho de benzimento, não fechei  as portas pra ninguém, Porque eu não tenho medo, porque tudo acontece quando Deus quer.

Deus não querendo, nada acontece com a gente. Eu tenho curado até gente do lado de Curitiba. Tem uma mulher que tá pra vir agora, só que eu não conheço ela e ela não me conhece. É, só que, eu mesmo fiz meu trabalho, porque eu acho que eu tenho a obrigação. Eu fiz pra essa mulher, eu fiz de longe né? Ela ligou pra mim eu fiz de longe, mas tem vindo é gente de longe do interior pra vim aqui em casa, porque como diz: Eu não escolho, seja lá quem for, me procurou eu estou fazendo.

Relato de Dona Alzira Kinapp, produzido pela Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

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40 a 59 anos Ensino Fundamental Completo Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Paraná Prta Raça/Cor

“Minha casa estava com as portas abertas para quem precisava de mim”

Não parei de atender na pandemia, quem precisava de mim minha casa tava com as portas abertas.

Eu costurava, (…),  é, as pessoas entravam assim, vinham chegavam de máscara ¨porque isso sufoca muito a gente¨, então elas diziam pra mim: posso tirar a máscara? Eu digo pode, dentro da minha casa pode ficar à vontade. E eu nunca tive medo dessa doença, nunca, nunca mesmo. Nunca ninguém chegou assim na minha casa: ¨A senhora pode atender¨? Eu nunca disse não. Sempre com fé em Deus e graças a Deus, não peguei essa doença. Dá minha família só uns lá que pegaram, mas graças a Deus tão tudo bom e é isso  da ai, agente tendo fé em Deus, nada acontece.

Relato de Nilza Silva, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

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60 anos ou mais Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Não frequentei a escola Paraná Parda Raça/Cor

“Não posso parar, porque preciso ganhar para sobreviver”

Meu nome é Lurdes de Andrade de Paula, sou benzedeira, (…), costuro, faço simpatia, (…). As minhas plantinhas tão aqui que eu tenho aqui né, tudo quanto é remedinho eu uso é da terra né. (…). Mas eu continuei, não parei porque não dá pra parar né. Porque eu preciso ganhar (..), então é isso que eu faço.

                                                                   ¨

¨São Sebastião Santo

 Dê Deus muito Amado

 Nós livrai das pestes

 Nosso advogado¨

Pelas vossas chagas 

Pelo vosso amor

Nós livrai das pestes                                                                   

Nosso defensor¨

Relato de Dona Delourdes de Paula, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia