Categories
60 anos ou mais Ensino Médio Incompleto Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Prta Raça/Cor Rio de Janeiro

“Precisamos de cestas básicas durante a pandemia”

Somos carentes, e essa pandemia nos afeta ainda mais. Por isso, precisamos de cestas básicas. A princípio, tenho três filhos e dez netos. Eles moram em uma comunidade muito carente e, graças a Deus, já arrumaram emprego.

Mesmo assim, a renda não dá para quase nada. Temos que pagar aluguel, luz e água, não conseguimos comprar alimento e por isso precisamos de cestas básicas. Meus filhos não ganham bem e suas esposas ganhavam 600 reais do Auxílio Emergencial, que depois reduziu a R$300. Então, a situação piorou, pois como elas têm filhos pequenos, não há possibilidade de trabalhar e cuidar das crianças.

Precisamos de cestas básicas. Imagem ilustrativa.

Meus filhos tiveram até suspeitas da Covid, com sintomas leves. Mas não temos certeza se fomos infectados, porque eles não fizeram o teste. Fico preocupada, pois eu, como mãe e avó, não saberia o que fazer, caso eles contraíssem a doença. Quem iria socorrê-los?

Projeto União do Xangrilá distribuiu cestas básicas

Um grande alívio foi o recebimento de cestas básicas. Conseguimos e temos esperança de conseguir, no projeto na União do Xangrilá, mais cestas básicas, o que para nós é de grande valia.

Por fim, há algumas pessoas que até deixam suas casas, seus aluguéis e estão indo morar nas ruas. Pois, como sobreviveremos com 300 reais hoje em dia? Não há como! A gente tá tentando sobreviver no dia a dia, sem ter quase nada. Mas, Deus sabe de todas as coisas. Então, queria que vocês olhassem mais por nós, que somos carentes de ajuda. Muito obrigada e passem bem. Se cuidem.

Me chamo Lindomar Vieira, sou do Guerreiro da Esperança do Xangrilá. Estamos aqui no projeto da União.

Categories
25 a 39 anos Branca Escolaridade Estado Gênero Homem Cis Idade Pós-Graduação Completa Raça/Cor São Paulo

“A população precisava de informações sobre a Covid-19”

A Vila Brasilândia é um distrito localizado na região norte da cidade de São Paulo. De acordo com o último censo do IBGE, realizado em 2010, a região conta com mais de 264mil habitantes. É uma das regiões mais vulneráveis da cidade, onde não há acesso à água encanada para toda a população e à rede de tratamento de esgoto é precária, quase nula. 

O Coletivo ADESS é uma organização da sociedade civil, fundada em 2014, com objetivo de trabalhar a autonomia a partir da geração de renda e economia solidária. Desta forma, a cultura é utilizada como principal meio para alcançar os objetivos. 

A partir de meados de março de 2020, quando a pandemia do novo Coronavírus atingiu o Brasil, nós da Brasilândia passamos a perceber nossos colegas e familiares adoecerem e morrerem da nova doença. Além do risco da Covid-19, a pandemia escancarou a grande desigualdade existente no nosso país.

Já nos primeiros levantamentos, realizados pela Prefeitura de São Paulo, era possível ver a calamidade sobre os índices da mortalidade e de pessoas infectadas. Nossa região foi apresentada por semanas seguidas como a que mais tinha óbitos na cidade de São Paulo pela nova doença.

Quem mais sofreu com a pandemia foi a população que já tinha seus direitos negados, passamos a sentir fome e não pudemos nem enterrar os nossos.  

População carente

Naquele momento não contávamos com o apoio do governo, tampouco tínhamos auxílio emergencial. Apenas com a coragem, iniciamos nossa distribuição de cestas compostas por alimentos, produtos de limpeza e higiene pessoal. E também, claro, de máscaras de tecidos. Dessa forma, passamos a atender mais de 600 famílias por mês. Tudo isso apenas com apoio de amigos e de outras Organizações e Movimentos Sociais.  

Quando a gente recebia muitas unidades de alguma coisa, trocávamos por algum item que não tinha mais. Fizemos assim com máscaras e álcool em gel.  

Além de comida, as pessoas precisavam de informações sobre a Covid-19 e sobre o que o Governo estava fazendo em relação ao enfrentamento da pandemia. Para ajudar, nesse sentido, utilizamos da estratégia de colagem de lambe-lambe e de carros de som pelo bairro, com informações sobre a doença e ensinando a população a se prevenir.  

Além de informação sobre a pandemia, as pessoas clamavam por distração. Por isso também entregamos livros para as pessoas romperem as barreiras do isolamento, de certa forma. Apoiamos também os trabalhadores da saúde que estão atuando na linha de frente contra a Covid-19, levando uma carta escrita por alguém do Brasil especialmente aos profissionais da saúde.  

É assim que a favela, a comunidade, faz. Trocamos quando podemos, mas sempre dividimos. É assim que a favela sempre se sustentou e é assim que a favela vai seguir.