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25 a 39 anos Ensino Médio Completo Homem Cis Prta Roraima

“O pior momento da pandemia foi estar desempregado e ver as contas chegarem”

Meu nome é Pierre Laurore, eu tenho 37 anos e sou hatiano. Eu sou estudante de Administração, em Ciências Administrativas na Facukdade Estácio de Sá. 

A primeira coisa que a pandemia mudou em minha vida foi em relação ao meu trabalho. Quando eu cheguei aqui no Brasil, em 2018, regularizei meus documentos e consegui um emprego no hotel Ibis. Com a chegada da pandemia, depois de um ano e seis meses de trabalho, fui demitido. 

Quando eu trabalhava no Ibis, eu conseguia mandar dinheiro para a minha família que ficou no Haiti e quando fiquei desempregado, isso me preocupou bastante. 

O pior momento da pandemia foi estar desempregado, não ter renda e ver as contas chegarem, ver que tenho uma família para sustentar. Isso foi antes da chegada do auxílio emergencial. Minha esposa conseguiu ter o benefício e com os bicos que eu fazia conseguimos ter um alívio em nossas contas.

Hoje estou trabalhando novamente, na recepção do Eco Hotel. Mas demorei um pouco para encontrar trabalho. Fiz trabalhos curtos com vendas, para ter alguma renda. Era um trabalho bastante informal, o que se chama de “bico”. 

Superação da pandemia

Da minha família, apenas eu e minha mãe fomos infectados pelo vírus Covid-19. Tive sintomas leves porque havia tomado a primeira dose da vacina. Ainda preciso tomar a segunda. 

Eu acredito que o mundo vai superar essa pandemia. O Brasil vai superar a pandemia. A mensagem que eu gostaria de deixar é: não deixar de se vacinar porque a vacina ajuda bastante. 

Relato de Pierre Laurore, produzido pela Rede Amazoom para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

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25 a 39 anos Indígena Mulher Cis Prefiro não informar Roraima

“Minha sogra sempre me apoiava e morreu no mesmo dia em que eu consegui um emprego”

Eu sou a Ana Pereira e tenho 26 anos. Eu sou da etnia Wapichana e nasci na Guiana Inglesa. Vim ao Brasil quando tinha cinco anos com minha mãe, depois que meu pai morreu, em busca de uma vida melhor. 

Eu estudei na Tabalascada, onde aprendi a falar português, já que eu falava inglês. Hoje em dia eu falo português, mas esqueci o ingles, é engraçado. 

Quando a pandemia chegou, eu já estava desempregada há três ano e ficou muito mais difícil encontrar trabalho. Com a pandemia, eu não conseguia arranjar emprego por não poder sair. Isso prejudicou a minha vida e a dos meus filhos.Tudo parou: trabalho, estudos.

Fiz faxina, fiz outros trabalhos pontuais para sobreviver. Meu marido pegou Covid e ficou desempregado. Ninguém queria contratá-lo por medo de se contagiar e então a situação ficou ainda mais difícil. 

O que nos ajudou foi a alimentação que a Escola distribuiu. Não tinha tudo o que queríamos, mas não faltou o pão de cada dia na mesa. 

Momento crítico

O pior dia da pandemia foi quando minha sogra morreu. Ela era uma segunda mãe para mim. Era ela que me ajudava com tudo. Ela ajudava todas as pessoas que chegavam pedindo ajuda em sua casa. Ela era muito guerreira. 

Nunca pensei que um dia pudesse passar por isso. Minha sogra era uma ótima pessoa. Ela sempre falava para eu não desistir de procurar emprego e morreu no mesmo dia em que eu consegui um trabalho. Foi muito difícil. Ela não estava com a gente para comemorar. 

Eu e o meu marido estamos tentando levar a vida, já que minha sogra sempre dizia que a vida continua, que não podemos parar. E é por isso que eu vou tomar a segunda dose da vacina e falo para todo mundo se vacinar. Afinal, temos que nos prevenir!

Relato de Ana Pereira, produzido pela Rede Amazoom para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia

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18 a 24 anos Distrito Federal Ensino Superior Incompleto Mulher Cis Parda

“Na pandemia fiquei desempregada e agora sobrevivo de bicos”

Meu nome é Letícia e tenho 21 anos. Sou mulher cis, parda, lésbica e residente da Ceilândia/Distrito Federal. 

Antes do início da pandemia, trabalhava formalmente e estava me licenciando em geografia. Durante a pandemia, fiquei desempregada e, por motivos principalmente financeiros, precisei trancar a faculdade. 

Durante a pandemia,  tive que me inserir no trabalho informal, no qual fiquei trabalhando por um ano, tendo muitas dificuldades.

A pandemia e o isolamento social para mim foram processos difíceis, que dificultaram as relações, especialmente a convivência dentro de casa. 

Atualmente estou desempregada e sobrevivo de “bicos”, sem contar com o apoio financeiro de ninguém. Estou em busca de me reinserir no mercado de trabalho e na tentativa de voltar a estudar. 

Busco minha independência financeira e em breve ser professora de geografia. Espero que tudo isso acabe, que as pessoas voltem a ter suas vidas como eram antes da pandemia, liberdade e seu sustento. 

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25 a 39 anos Branca Distrito Federal Ensino Médio Completo Mulher Cis

“Como vou manter funcionários sem ter nenhum capital na empresa?”

Meu nome é Keilla Rocha, tenho 28 anos e sou mãe de um rapaz pré-adolescente. Quando a pandemia começou, em 2020, eu estava casada, fazendo o curso técnico de enfermagem e trabalhava como comerciante varejista em Shopping Centers.

Com a pandemia, eu passei a não deixar mais meu filho sair pelo condomínio ou brincar na rua e ele não conseguia entender o motivo. Ele, triste, olhava pela janela e dizia: – Olha lá mãe… Todo mundo brincando na rua! Todos meus amigos nas quadras, e eu aqui em casa, já não aguento mais”.

Ele estava exausto, as brincadeiras dentro de casa já não tinham graça, a escola havia fechado e eu estava super amedrontada e não deixava ele nem “piscar” fora de casa. Parecia um filme de terror sem fim. Sabe aquele apocalipse que tanto nos alertavam desde a infância? Sentia que ele realmente havia chegado. 

Ao acordar, o meu marido já estava com a televisão ligada assistindo incansavelmente a mais um noticiário que nos alertava sobre o maior número de mortes a cada minuto. Às vezes eu parava e pensava: “Será que só eu estou realmente levando isso tão a sério? Onde estão os pais dessas crianças que deixam elas ficarem na rua?” E, por fim, eu fico vista como a errada ou a mãe super protetora.

Senti um desespero quando recebi um e-mail da secretária do suposto médico incrível informando que ele havia ido embora de Brasília para ficar com a família, pelo motivo da pandemia

Filho com epilepsia

Quando meu filho fez nove anos, ele foi diagnosticado com epilepsia. A partir de então, ele tem tomado medicamentos controlados e procuramos o melhor neuropediatra que atendia em Brasília. Comecei a pagar um plano de saúde super caro, pois era o que o suposto médico escolhido aceitava na época. As consultas passaram a acontecer por chamada de vídeo. Nós realizávamos a consulta segurando o celular, sentados em nosso próprio sofá, no conforto do nosso lar, conforto este que meu filho já não suportava mais. 

Realmente, senti um desespero quando recebi um e-mail da secretária do suposto médico incrível informando que ele havia ido embora de Brasília para ficar com a família, pelo motivo da pandemia.

Como eu, sendo uma microempresária, vou manter funcionários sem ter nenhum capital na empresa? Como iria alimentar minha família, pagar boletos que estavam para vencer? Foi um desespero sem fim

Fechamento de shoppings centers, fim do trabalho

O tempo passou e o terror continuou. Eu sempre tentei proteger minha família passando álcool em tudo e em todos. Quando eu e meu ex-marido íamos ao mercado, parecia o fim dos tempos: muitas prateleiras vazias, as máscaras em nossos rostos tampando todos os vestígios de sorriso que poderia surgir, olhares assustados, um silêncio que parece que nos havia matado por dentro e a cada instante. 

No momento em que o nosso empreendimento nos Shoppings Centers faria com que conseguíssemos sair do mar de dívidas, recebemos a notícia de que os shoppings deveriam fechar. Como eu, sendo uma microempresária, vou manter funcionários sem ter nenhum capital na empresa? Como iria alimentar minha família, pagar boletos que estavam para vencer? Foi um desespero sem fim. Não havia nenhuma notícia boa e nenhuma esperança desse pesadelo acabar. Sem a cura, sem a esperança de vacinação, com o caos no governo em nosso País, parecia que não iríamos sobreviver.

No curso de enfermagem, os estágios foram suspensos. E, dessa forma, nós, estudantes inexperientes e despreparados, tivemos que ir à guerra.  Adiantaram o diploma, pois a cada dia que passava eram necessários mais “soldados” da saúde para ir à guerra.

Devemos observar e entender o contexto e não perder a fé. Temos que saber que temos que lutar pelos nossos sonhos e objetivos, mas jamais deixar de ser grato pela vida e pela saúde

Fim do casamento: “Seu egoísmo não o deixava enxergar que diante de tudo aquilo que o mundo passava, o bem maior era a própria vida e a família”

Em meio a essa “tempestade” mundial, o meu casamento não resistiu e sucumbiu em meio a tantos conflitos. As pessoas à nossa volta nos julgavam como o casal perfeito. Porém, todo espetáculo é lindo para quem assiste e só quem vive atrás, nos bastidores, sabe a realidade. 

Ao acordar, sempre via o meu marido mal e desesperado e eu dava apoio e alicerce, sejam eles quais fossem necessários. Eu tentava mostrar que mediante a todo ócio mundial, a nossa família estava bem, tínhamos saúde, alimento na mesa. Mas ele se sentia como se estivesse levando um golpe do destino. Seu egoísmo não o deixava enxergar que diante de tudo aquilo que o mundo passava, o bem maior é a própria vida e a família.

Devemos observar e entender o contexto e não perder a fé. Temos que saber que temos que lutar pelos nossos sonhos e objetivos, mas jamais deixar de ser grato pela vida e pela saúde. Do que adianta chegarmos no topo da montanha sem ter com quem compartilhar? O mais importante é saber como lidamos com o próximo ao longo da caminhada, com quem está contigo nos momentos de dificuldade. 

É fácil ser feliz ao valorizar o próximo nos momentos de bonança e alegria. O sábio é aquele que valoriza e entende que nem tudo são flores. Hoje sei que existe arrependimento em seu coração, mas tudo isso me ensinou a ser uma mulher forte, guerreira e independente. Sou grata a Deus por não me desamparar, por me mostrar o caminho e por me guiar em meio ao caos.

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25 a 39 anos Distrito Federal Ensino Médio Completo Mulher Cis Prta

“Eu só pensava em não morrer”

Meu nome é Sindy, tenho 22 anos, sou goiana, empreendedora e moro na Ceilândia Norte, periferia de Brasília-DF. 

Quando começou a pandemia do Covid-19, achei que a quarentena fosse durar apenas 15 dias, porém já estamos há dois anos com ela. Como esses dias têm sido longos! 

No começo, todos os dias pareciam iguais. Eram momentos de muita reflexão. Eu pude perceber durante a quarentena que psicologicamente eu não estava bem. Eu entendi também que não era só eu que não estava bem, mas todo o mundo ao meu redor tampouco estava bem. Por isso, eu tentei encontrar meios para melhorar o meu psicológico, com a prática de exercícios físicos e tentando me auto conhecer.

Antes da pandemia, comecei um relacionamento e foi muito complicado pra mim, principalmente no começo do relacionamento, ter que ficar longe de uma pessoa que eu gosto e ter que conviver de maneira mais próxima aos meus familiares. Por mais que eu estivesse acostumada e que amasse minha família, estar em isolamento por causa da pandemia tornou a convivência muito mais difícil.

“Foram tantas vítimas que não quero ser mais uma estatística!”

Desemprego, auxílio emergencial e redes de apoio

Na pandemia, eu me vi  desempregada, tentando me esforçar pra fazer cursos, para ler livros, mas eu só pensava em não morrer ao mesmo tempo que as contas chegavam. Eu mal tinha dinheiro pra me alimentar. Depois de alguns meses de pandemia, o governo resolveu dar auxílio emergencial. Para conseguir o benefício, tínhamos que fazer um cadastro no aplicativo “Caixa TEM”. Todos os de casa fizemos, porém eu não consegui receber esse auxílio. 

A minha irmã e a minha madrasta receberam o auxílio e a gente conseguiu melhorar a questão da alimentação. As despesas fixas (contas de água, luz, aluguel, internet…) obviamente não eram imensas, então “dava pra se virar”. Além disso, minha família recebeu cestas básicas e auxílio gás de organizações não-governamentais (ONG) que antes da pandemia já ajudavam com a questão do combate à fome, especialmente voltada para as pessoas em situação de rua em Brasília. Tais organizações foram a Rede Solidária Barba na Rua, Tulipas do Cerrado, Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas e Frente de Mulheres Negras do Distrito Federal e Entorno/Coalizão Negra por Direito.

Depois desses meses de pandemia, consigo me entender melhor, mas ainda restam sequelas desse Covid-19. Foram tantas vítimas que não quero ser mais uma estatística!

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Estado Gênero Homem Cis Prta Raça/Cor Rio de Janeiro

“Recebi uma cesta básica num momento em que mais precisava de ajuda”


Venho falar um pouco dessa pandemia e da ajuda que temos recebido aqui, que tem sido uma bênção em nossas vidas, pois esta pandemia veio e ninguém estava esperando. Ela fez muita gente mudar a forma de agir, de pensar e mexeu muito com nossas finanças. Assim, precisamos dessa ajuda, porque muitos pararam de trabalhar, muitas coisas se fecharam. Além disso, muitas coisas precisaram de movimentação e de mudanças.

A pandemia fez com que a gente parasse para pensar que precisamos de ajuda. As cestas básicas chegaram em um momento muito precisado, porque muitas das vezes nos encontramos sem nada dentro de casa.

Eu tenho dois filhos que foram diagnosticado com autismo, e tem sido muito difícil para gente, mas graças a Deus, a ajuda das cestas básicas tem nos ajudado bastante.

Quero agradecer, desde já também. Precisei ficar parado por conta da pandemia e isso mudou muito, mexeu muito com finanças. Preciso muito trabalhar para ajudar meus filhos e tenho muitos gastos. Tenho que procurar ajuda, pois eles precisam de acompanhamento médico, e a cesta básica veio em um momento certo para nos ajudar.

Muito obrigado por esta ajuda, e assim eu agradeço a vocês.

Meu nome é Anderson Pablo Queiroz Santos, morador de Jacarepaguá, da Comunidade Xangrilá.

Leia também: “Precisamos de cestas básicas durante a Pandemia”

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Ensino Médio Completo Escolaridade Estado Gênero Mulher Cis Prta Raça/Cor Rio de Janeiro

“Situação de pobreza extrema na comunidade de Xangrilá”

Durante a primeira onda da pandemia, descobrimos que as pessoas estavam vivendo em pobreza extrema. Então, nos reunimos na comunidade de Xangrilá e eu pude dar uma contribuição pouca, porque Graças a Deus, permaneci trabalhando. Diferente de muitos colegas, não fiquei desempregada. Deparei-me com várias pessoas, famílias, pais de famílias, todos desempregados e necessitando de uma ajuda financeira ou do governo.

Com o pouco recurso que tínhamos, conseguimos ajudar as pessoas com cestas básicas, que foram muito bem vindas. As pessoas ficaram muito gratas. Com um breve relato que elas fizeram, pudemos perceber que as pessoas ficaram sem chão, sem saída, durante esse período.

Pessoas que tinham um emprego formal e hoje se depararam com uma situação tão difícil. Ontem, não havia nem comida.

Mesmo com o auxílio emergencial, as pessoas não conseguiram se manter. O valor do auxílio de 600,00 foi muito pouco. Com poucos recursos, conseguimos atender pelo menos um pouco na alimentação, pois o principal também é a pessoa estar bem, bem alimentada.

A gente percebeu que as pessoas estavam passando necessidade, em pobreza extrema.

Algumas pessoas choravam, e a gente estava aqui, tentando ajudar, de uma forma ou de outra. A gente fez de todo coração esse trabalho. E foram chegando cestas básicas. Mas agora, infelizmente, a gente não tem mais como ajudar as pessoas nessa parte da alimentação. E como a pandemia ainda não acabou, praticamente 90% das pessoas daqui ainda estão sem emprego formal, muitos estão correndo atrás de trabalhar na rua para tirar alguma forma de sustento.

Pedido

Quem puder ajudar, as cestas básicas serão muito bem-vindas novamente, porque a gente tá precisando muito. Quem puder, fique em casa E quem estiver trabalhando, segure o seu trabalho, porque a gente não sabe como será o ano de 2021. Eu acredito que vai ficar um pouco pior, mas a gente tá aí para poder ajudar, na maneira que for possível, e da forma que for necessária.

São mais de 900 famílias nas redondezas de Xangrilá. Imagine o que o nosso povo não está passando nessa situação de pandemia! Tomara que a vacina seja eficaz para podermos nos reerguer, não dependendo do governo, porque o governo de hoje não está aí para ajudar o povo.

Meu nome é Jaqueline de Almeida, sou moradora de Xangrilá.

Veja mais: “Precisamos de cestas básicas durante a Pandemia”

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Ensino Superior Completo Escolaridade Estado Gênero Mulher Cis Parda Raça/Cor Rio de Janeiro

“Sou mãe e consegui sobreviver graças ao tão batalhado auxílio emergencial”

Trabalhava com produção de buffet saudável para festas infantis e também com turismo domiciliar no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, onde moro.

Em dezembro de 2019, com a casa cheia de hóspedes de vários países, estava muito feliz. Finalmente havia encontrado uma fórmula de atuação em meu trabalho que se equilibrava entre a baixa temporada de festas e a alta temporada de turismo local! Acreditava que 2021 poderia ser o ano da minha tão sonhada virada de mesa e conquista de estabilização profissional.

Ledo engano. Logo, com a chegada apavorante desta pandemia que nos assola até hoje, estas duas áreas foram cortadas do cenário econômico atual. Assim, sem festejos familiares para produzir e sem poder receber turistas dentro de minha casa, me vi com o chão aberto e sem perspectivas de um retorno.

Mas consegui sobreviver financeiramente a este terrível ano com a estratégia de viver um dia de cada vez. Para tanto, contei com o tão batalhado auxílio governamental para garantir o básico do estrutural da vida e com apoio solidário de família e amigos.

É preciso se reinventar

Também voltei a fazer bolos e quitutes sob encomenda. Sigo tentando entender como me reinventar num cenário de milhões de novos desempregados, milhares de negócios fechando e a negativa do nosso desGoverno Federal de prosseguir dando assistência governamental a quem perdeu sua fonte de renda.

Sinto falta de minha empresa, não apenas porque ela gerava minha própria subsistência, mas porque a cada festa produzida, outras sete pessoas, no mínimo, entre cozinheira, auxiliar, garçons, fretista e faxineira se somavam a mim e formávamos uma equipe potente para realizar nosso trabalho feito com competência, garra e amor. Bons tempos…

Enfim, escrevo esse relato em dezembro de 2020. Mas 2021 se aproxima com suas incertezas de braços abertos para nos receber. Não me sinto mais feliz, mas me sinto viva e sigo lidando com uma questão de cada vez para conseguir ir vivendo. Apesar de tudo e dos desgovernos aos quais estamos submetidos, amanhã vai ser outro dia… Acredito.

Sou Eliz, mãe solo de uma criança de 11 anos, sul-matogrossense de nascença e carioca de coração. Sou uma micro empreendedora individual, ou era…

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40 a 59 anos Ensino Superior Completo Escolaridade Estado Gênero Idade Maranhão Mulher Cis Prta Raça/Cor

“Para conseguir passar por essa situação busquei ajuda na minha fé”

A princípio eu achei que não chegaria aqui. No entanto, esse meu pensamento passou rápido. Mas logo me lembrei que a Covid-19 se alastrou depressa na China e no mundo. Então, pensei: logo isso aqui tudo estará contaminado! Eu sabia que ela ia chegar e ia causar uma destruição, porque não temos estrutura de saúde preparada para algo desse tamanho e com esse nível de letalidade.

As notícias do coronavírus me trouxeram o medo, uma angústia, quase um desespero. Com o passar do tempo começou a aflição de ver tantas pessoas morrendo e isso acaba refletindo na vida da gente, por mais que esteja distante.

O que me ajudou a passar por isso foi viver melhor com a minha família, por incrível que pareça. Momentos que tivemos que conviver só com a gente e descobrir coisas que talvez nem sabia.

Impactos na vida profissional

Logo em seguida vem a questão profissional. Deixar de trabalhar foi uma coisa muito difícil para mim, o trabalho sempre me ajudou muito por conta dos meus problemas emocionais e tudo o mais. Com esse rompimento, me abati muito, fiquei triste, por vezes cheguei a chorar quando todos iam dormir. Passei por momentos de muita angústia e desespero.

Mas fui buscando ajuda na minha fé, que veio me dando paz espiritual, e força para superar isso tudo. O medo, angústia, dor, esse rompimento com o trabalho e o fato de não poder estar com os amigos… estou passando por isso tudo graças à minha família e à minha fé em Deus.

Hoje eu olho pra trás e vejo tudo isso. Ao mesmo tempo, tenho medo quando vejo o afrouxamento das regras de isolamento. Ver as pessoas levando vidas normais como se a pandemia já estivesse acabado, me faz ter medo de novo que tudo piore.

Novamente me vem a questão do meu trabalho, me bate uma tristeza, porque este ano foi um ano de muito prejuízo para a educação. Eu não considero que funcione essas aulas remotas porque para nossa realidade onde muitos pais têm grande dificuldade de leitura como podem ajudar os filhos?

Eu acredito que vamos ter que conviver com essa doença pra sempre e a única saída vejo é através da vacina, por isso torço e peço a Deus que descubram logo a vacina que nos permita de verdade uma proteção para que as nossas vidas possam de fato voltar à normalidade.