Categories
60 anos ou mais Bahia Ensino Médio Completo Escolaridade Estado Gênero Idade Mulher Cis Prta Raça/Cor

“Empatia: cuidando do outro estamos ajudando a nós mesmos”

Eu sou uma pessoa que ama a vida, tenho empatia e acredito que eu vim com uma missão. Me chamo Iara, e este nome é dado às mães. Então, eu acredito que vim para cuidar das pessoas. Muitos me chamam de altruísta, mas altruísta ou não, eu sei que vim com uma missão.

Durante esse processo que está acontecendo com toda a humanidade, muita coisa mexeu comigo. Nós, seres humanos, temos o compromisso, um com o outro, de cuidar do outro, em todos os aspectos e ter empatia. Muitas pessoas tiveram surtos e acredito que deveriam disponibilizar psicólogos e terapeutas para mostrar os cuidados e como lidar com a pandemia.

E sabendo que nós somos produto do meio, temos também de nos adaptar, principalmente na questão da higiene, pois nossas vidas foram fortemente impactadas. Eu me coloquei na posição de ajudar. Coloquei à disposição o meu número de telefone para que as pessoas possam entrar em contato comigo para conversar. Já cheguei ao ponto de ter que chamar uma moto ou um carro para providenciar os medicamentos necessários para pessoas doentes, porque elas não teriam como comprá-los.

Porque devemos ter empatia

A gente precisa fazer alguma coisa pelo outro. E essa questão das pessoas dizerem que não tem ajuda governamental não interessa, pois o mais importante é que a gente possa fazer algo pelo outro, independente de termos ajuda. E se dividirmos o que temos, a gente vai viver bem melhor. Pois esta pandemia veio justamente em um momento em que as pessoas estavam extremamente desgarradas. É como se tivesse perdido o amor um pelo outro.

Essa situação ao mesmo tempo tem unido as pessoas, que estão dando mais atenção a quem está na rua com fome, a quem está nu, a quem está precisando de medicamentos. Estamos fazendo muito e eu quero continuar fazendo a minha parte, porque isso é com Deus.

A partir do momento que estamos ajudando o próximo, estamos ajudando a nós mesmos. Eu, mesmo apresentando problemas de saúde (tenho 10 parafusos em minha coluna), não me sinto impedida de pensar que existem problemas maiores lá fora, muito maiores que os meus. Precisei até acolher pessoas de outros países em minha casa que estavam sendo escravizadas. Enfim, uma série de problemas. Pessoas que vieram do interior, com parentes aqui internados e que não tinham onde ficar, e eu acolhi.

Ajudar nunca é demais

E é assim: a gente toma conta da gente e toma conta do outro. A gente faz o que tem que ser feito é não ter e tem que ter para dar. Ajuda nunca é demais, e o que a gente precisa fazer de melhor é isso, é
olhar o outro como um todo, estando no lugar dele. É você ter estar ao lado de fora de um hospital com um paciente lá dentro e não poder entrar, mas ter alguém para lhe dizer: “olhe, eu estou aqui”.

Eu faço isso mas não quero nada em troca. Estou fazendo isso porque é de mim, é minha índole, e espero que isso tenha sido de grande valia.

Para finalizar, que isso não se mantenha apenas durante a pandemia, pois nossa vida já foi modificada. A partir do momento em que tudo isso mudou a nossa vida, a gente também precisa mudar. Mudar nossos conceitos errôneos em pensar em não ajudar para não virar um circulo vicioso. Não, se a gente tem roupas nós oferecemos roupas; se a gente tem alimentos, a gente vai oferecer alimentos, e assim sucessivamente porque a vida vai continuar.

E nós estaremos diferente por ter sofrido essas agressões, mas temos que cuidar. E a palavra de ordem é gratidão, empatia e e cuidado. A partir do momento que acende uma luz, eu estou iluminando o meu próprio caminho.

Eu sou de Logun Edé, espiritualista ecumênica oriunda do candomblé da nação Angola e com raízes na Casa Branca, sou neta de Julieta Alves de Oxum, ladê Durvalina da Anunciação de Oxóssi.