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40 a 59 anos Amazonas Ensino Médio Completo Mulher Cis Parda

Quando pegamos o peixe, não vendemos, porque não tem ninguém que compre

Eu sou Deuzenira de Souza e Souza, conhecida como tia Deca. Eu nasci no interior, vim pra Parintins muito cedo. Estudei no Colégio Aderson de Menezes, no Brandão de Amorim e passei pelo Colégio Batista. E, assim, trabalhei por dois anos como professora, parei porque veio os filhos e não tinha quem cuidasse, mas foi tudo bom.

Também não tenho muitos filhos, só tenho dois, perdi um, só tenho uma. Aí já veio os netos e os bisnetos, e cá estou. Gosto de ajudar as pessoas, me esforço pra ser uma boa pessoa, ser justa e assim vai. Quando veio a pandemia, a gente sentiu muito.

A chegada da pandemia

Eu perdi pessoas queridas, perdi dois cunhados, um primo que tinha sido criado junto comigo na mesma casa. O mais sentido é que foi enterrado naquelas valas, sem ter direito de um enterro digno. Muito triste, mas foi o jeito a gente se acostumar, porque a gente não estava acostumado a ficar em uma prisão, né!? Que a gente não podia sair pra canto nenhum, que era tudo ali naqueles minutos, naquelas horas.

Então tem tudo isso daí, mas não pode ser muito, né!? Porque o vírus ainda está por ai. Tem gente também que até agora não tomou a primeira nem a segunda dose, tem medo. Eu já tomei as duas, se vier a terceira eu tomo.

Vivendo de peixe

Aí quando a pandemia tenta passar, nós, aqui em Parintins, nos deparamos com a doença do peixe da urina preta. Aí, como meu marido é pescador, se tornou novamente difícil, entendeu? Porque aqui ninguém trabalha, a gente depende da pescaria.

Quando pegamos o peixe, não vendemos, porque não tem ninguém que compre. Então, é difícil, não é fácil não. Mas a gente espera em Deus que tudo melhore, que tudo mude, pro mundo, para as pessoas. E espero também que, as pessoas que ainda não tomaram a vacina, que vá, que tome, que obedeça e que use máscara para podermos sair dessa doença maldita.

Eu acho que é uma maldição

É isso que eu tenho de falar, porque não é fácil. Passei horríveis na pandemia, em alguns momentos eu só queria gritar. Mas a gente tem que ter muita fé em Deus mesmo, porque só ele, o socorro vem dele, né?

E aí, se a gente não tiver fé nele, não tem uma outra pessoa. Ele que sabe se a gente possa sair na rua sem máscara, sem um vidro de álcool, sabe? Para a nossa vida voltar ao normal.

Porque aqui na nossa cidade vem o Boi, vem o festival. Para nós pudermos ir olhar, sabe? Já que há dois anos não tem. Então é ruim até para nós, pra todo mundo aqui da cidade. Como é que vai trabalhar? Não foi só eu que sofri, foi todo mundo – artistas inclusive.

Peço a Deus que passe logo, que a gente possa viver a nossa vida normal. Que tem gente que ainda tá teimoso, que vai, que anda, que não usa mais máscara. Mas eu não faço. Eu acho que eu já estou tão acostumada que, se eu sair na rua, tem que ser de máscara.

Então, bora confiar em Deus e a gente tem que fazer também a nossa parte, pois, se não fizer, não anda.

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25 a 39 anos Bahia Ensino Médio Completo Homem Cis Parda

A pandemia forçou nossa renovação

Foi neste momento que começou a pandemia. Antes de tudo, nós estávamos com uma perspectiva muito boa para o Festival de 2020. Sendo que, em 2019, a gente estava com um projeto bem legal de artistas, para fazer umas fantasias para 2020. Desde então, a gente estava fazendo o show de turistas e, quando veio a pandemia, a gente teve que parar.

Meu nome é Diego Cruz Azevedo. Atualmente sou figurinista do Boi-Bumbá Caprichoso. Comecei sendo figurinista em 2017, na gestão do presidente Babá Tupinambá. Mas venho trabalhando desde 1998 com o tio Deco, fazendo tribo e tuxaua, na agremiação.

Então, assim, comecei com ele, depois fui para a Escolinha do Boi-Bumbá Caprichoso e aprendi mais ainda. Fiz desenho, fiz artesanato de luxo e depois eu fiz dança. E depois da Escolinha eu comecei já a ingressar na vida de artista. Então, trabalhando com meu tio e com outros artistas do Boi-Bumbá Caprichoso que sempre me convidaram pra trabalhar. Aí, aprendi muito trabalhando no Festival.

Eu comecei a viajar pra São Paulo, sendo reconhecido pelo meu trabalho. Na gestão do Babá Tupinambá, em 2017, foi que eu fui convidado pelo presidente do Conselho de Artes, Éricky Nakanome, pra ingressar no quadro oficial de artistas, para fazer a Marujada. Desde então, eu estou no quadro de artistas.

“Perdi alguns parentes na pandemia”

Com a pandemia, todo mundo ficou nas suas casas, com os cuidados básicos pra não pegar a doença. Perdi alguns parentes na pandemia. Quando vieram as lives dos Bois, os diretores me convidaram para participar, para fazer fantasia, com o intuito de não ficar parado. Então a gente sempre ficou ajudando aqui na agremiação, nas lives. Quando tinha algum evento do Boi, a gente ia, mas ia sempre prevenido. Então, com isso, a gente teve que aprender a lidar com a pandemia, porque já não voltamos ao normal.

 Com a pandemia de Covid-19 que foi acontecendo, nós tivemos que nos renovar. Então, com essas lives do Boi, eu tenho uma equipe de seis pessoas – como eu não podia contratar muitas pessoas, eu sempre ficava revezando com os meninos que sempre me ajudam.

Eu ficava revezando, porque, é claro, sempre dependemos muito do festival. A nossa renda é o Festival. Então, como o evento não aconteceu, a nossa renda ficou muito baixa. Além disso, eu sempre revezava com as pessoas mais carentes que eu, para poder, de alguma forma, ajudar com o sustento de suas famílias.

A esperança da vacina

Com a chegada da vacina, já deu mais uma esperança pra gente. Reuni mais pessoas para o trabalho e isso ajudou mais ainda o Caprichoso a fazer as fantasias – que são os figurinos que a gente começou a fazer com a minha equipe.

Fora as equipes dos outros artistas também que começaram a se juntar. Começou a renovar a nossa vida de novo. Não ao ponto de estar tudo normal, mas a vida já começou a melhorar.

A expectativa que nós estamos tendo é de que para o ano que vem, seja o melhor Festival de todos os tempos. Porque é uma espera de dois anos, e por isso, o Festival vai ser grande! E, com isso, o Caprichoso vem muito bonito. Além do mais, temos conversas corriqueiras com o Conselho, que repassa todos as informações necessárias, portanto, a expectativa é alta para o ano que vem.

Ser mais é abranger o coleguismo, a amizade.

Perdemos muitos amigos na pandemia, mas, os que permaneceram em nosso meio, a gente tem que acolher.

A pandemia veio e mostrou pra gente que a gente tem que gostar do próximo, para podermos ir para a frente. E você que ainda não se vacinou, vacine-se.

 Eu já tomei as minhas duas doses, e aqui, o pessoal do Caprichoso, para conseguirmos fazer tudo o que quisermos, precisamos estar completamente vacinados.

A vacinação garante maior tempo de vida para as pessoas.

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25 a 39 anos Amazonas Ensino Superior Completo Mulher Cis Parda

“Eu vim ver meu Boi”

Minha trajetória no Boi foi tão magnífica, para mim, pois pude contribuir a partir do que eu faço de melhor: dançar. E, ainda,  fui reconhecida por isso! Mas além do lado pessoal, é muito bom saber que você está somando – não só no palco do curral, mas também na arena do Bumbódromo, onde acontece o Festival. Cada um de nós é só um pontinho, mas um pontinho que liga os outros e que faz parte de todo o espetáculo.

Meu nome é Fernanda, moro em Parintins (AM) e faço parte do Corpo de Dança Caprichoso, conhecido CDC. Estou à frente do CDC como coordenadora, a convite de Érick Beltrão, e, mesmo ajudando nos bastidores, eu continuo como dançarina, fazendo o que eu gosto. 

Comecei a minha trajetória aqui — se eu não estiver enganada — em 2008, através de uma pessoa conhecida, o Érik, que me apresentou o projeto. Recebi o convite, fui muito bem recebida e comecei a frequentar. Antes disso, tentara fazer parte de outro grupo, que não deu certo e, foi então, que o Érik me convidou para fazer parte daquele que, até então, se chamava “Troup Jovem”. De lá para cá, acabei acompanhando todo o processo de mudanças de nomes, até chegarmos ao CDC.

Do curral para a vida

Fiz muitos amigos durante meu tempo no grupo que não dá para dizer serem só “de dentro do curral”, mas para minha vida todinha, que levo para a vida toda. Até meu casamento veio de lá: me casei com um dançarino do Boi, estamos juntos há 10 anos e temos um filho! A Dança do Boi que fazíamos no CDC nos proporcionou muitas viagens para nos apresentarmos e foram nesses momentos que pudemos nos conhecer melhor. 

Como em qualquer lugar, a gente tem altos e baixos, alegrias e tristezas. Mas minha trajetória aqui me deixa marcas até hoje, lembro de toda evolução (minha e do grupo) desde o início — tanto na dança, quanto na roupa, quanto na organização. É tão gostoso participar de um grupo, poder vê-lo evoluir e crescer.

A partida dos amigos do Boi

Em todo esse tempo, dói um pouquinho ver pessoas indo embora após quase 15 anos convivendo com elas. Muitos precisam prosseguir a vida, procurar o que é melhor para si — os seus estudos, um trabalho, uma moradia em outra cidade — e, com isso, ter que parar de dançar. Mesmo que doa e cause emoção lembrar dessas pessoas queridas, é a maior felicidade vê-las crescer. Mas há, também, amigos queridos que partiram, que infelizmente nunca mais vão voltar, porque estão junto do Pai. 

Mesmo antes da pandemia a gente já perdeu amigos que faziam parte do Boi, fizeram sua história e partiram. Mas, com certeza, serão lembrados — tanto por sua dança quanto por seu carisma e pelas pessoas maravilhosas que eram.

A surpresa da Pandemia

No início de 2020, nós tivemos a grande surpresa: o início da pandemia. Eu, particularmente, nem conhecia esse termo. Conhecia epidemia, mas pandemia não. Foi um impacto muito grande: aquilo que no começo duraria 15 dias, logo saltou para 30, depois 6 meses, um ano… Foi uma coisa muito assustadora, muito impactante. O grupo vinha se preparando, praticamente todos os dias, coreografias novas, apresentações de toadas, montagem pAra lançamento, ensaios da Marujada. 

Praticamente todos os dias nós estávamos aqui, na expectativa desse ano de 2020, preparando um ano de apresentações e, de repente, tivemos que parar, sem saber o que esperar o que viria dali para frente. Junto com isso, do nada, começamos a perder muitas pessoas. O desespero foi grande, de você querer se cuidar, querer cuidar do próximo, ao mesmo tempo querer continuar dançando, querer sair, mas vivendo uma vida reclusa, que eu acredito que muita gente não vivia. 

Foi um impacto muito grande para o grupo, porque são pessoas em sua maioria jovens, ativas, que querem estar em movimento, estar fora de casa, ter o seu momento de diversão. E aqui dentro, para nós, o grupo também se tornava isso. Tanto ter a responsabilidade como dançarino, de cumprir com nossas obrigações, fazer o seu trabalho, mas, também, era nossa diversão, nosso momento de distração. Então, foi muito assustador, particularmente para mim, foi muito assustador. 

Aperto financeiro e outras formas de união

Algo que também abalou muito o grupo foi a parte financeira, porque muita gente ficou sem trabalhar. E, para a nossa tristeza, a dança não é considerada um trabalho essencial para a sociedade e, por isso, não pudemos exercer nosso trabalho, porque não era essencial. Muita gente acabou ficando sem dinheiro.

Infelizmente, vimos amigos perderem seus familiares, perdemos amigos e, mesmo assim, nós estávamos juntos, apoiando um ao outro. E foi aí que o grupo se uniu e que começamos a ver outros meios de continuar interagindo. 

Começamos a ajudar as pessoas do grupo que mais precisavam com cestas básicas e outros meios que pudessem ajudar, de alguma forma, a suprir aquele momento que estava sendo difícil financeiramente. O mais legal que surgiu, para mim, foram os vídeos. Fizemos e compartilhamos vários vídeos na internet em que nós dançávamos, desafiando e convidando amigos para a brincadeira. Isso puxou pessoas de outros lugares, com todo mundo mostrando um pouquinho do que gostava de fazer. 

“Vai ficar tudo bem e a gente vai voltar a fazer o que a gente ama”

No meio de tudo isso, uma nova notícia chegou como o maior impacto: “não tem festival”. “Cara, como é que não vai ter festival?” Algo que todos da cidade sempre viveram não vai existir? Minha vida todinha, em todos meus 33 anos, fui ao Festival e, naquele  momento, não poderíamos tê-lo.

No mês de junho, a cidade está sempre fervendo, fervilhando, agitada, animada, na expectativa do festival. Naquela hora, não: você via uma cidade totalmente calma, parada, porque aqui era obrigatório aqui ficar em casa. Mas o legal é que o CDC deu um jeito de fazer a Festa do Boi: pelas lives. Conseguimos trazer um pouquinho para o público, até mesmo pra gente – eu participei praticamente de todas as lives – essa oportunidade de dançar

Foi gratificante poder dançar um pouquinho, nem que fosse bem pouco. Mas isso levava para “torcedor Caprichoso” aquela energia em que você fala: “Cara, vai ficar tudo bem e a gente vai voltar a fazer o que a gente ama. Não se esqueça que o Boi está aqui: ele precisa de você, você é o nosso torcedor, nosso combustível. Então a gente vai fazer tudo por vocês, para voltar”. 

E eu pude estar ali, eu pude sentir essa energia, pude passar essa energia para o público, e a certeza  de que tudo passaria e voltaria ao normal. 

Segunda onda e a perda de pessoas queridas

Depois que passaram todas as lives, tivemos, infelizmente, a segunda onda. E aí que me pegou. Foi nesse momento que eu realmente perdi pessoas muito queridas. Amigos da minha vida, da faculdade, do Boi, do grupo que eu fazia parte. Um deles foi meu padrinho de formatura… Infelizmente, eu vou me formar e ele não vai estar aqui. Mas levo meus amigos sempre comigo: na vontade de viver, de seguir em frente, e no desejo de dizer “cara, ficou tudo bem, eu consegui, eu cheguei até aqui”. 

Você agradece pela sua vida, agradece também pela vida dos seus familiares que estão bem. Eu agradeço porque eu tive… Não sei se foi sorte, ou se eu tive benção de não pegar em nenhum momento essa doença, esse vírus. Mas, ao mesmo tempo, você se sente egoísta de agradecer pela sua vida e saber que teve pessoas do seu lado que praticamente tiveram suas famílias dizimadas.

“Está passando e a gente está conseguindo”

Mas, a vida continua, a gente precisa seguir em frente, mostrar pra essas pessoas: “olha a gente conseguiu, por você, eu vou seguir em frente, por vocês a gente vai continuar”. 

Quando veio a vacina, a gente se sentiu muito mais seguro. Os casos, graças a Deus e graças à vacina, diminuíram na cidade. Agora, estamos podendo brincar de Boi. Olha que festa linda que foi feita agora, que o Boi nos proporcionou! Ver pessoas de fora fazendo de tudo para vir, para participar, sentir a energia e, por fim, dizer assim: “cara, tá passando e a gente tá conseguindo”. Foi magnífico.

Agora temos 2022 pela frente. A minha expectativa, eu digo, é: vai bombar! Só pela grandiosa festa que foi feita, pela sede que as pessoas de brincar de boi bumbá, de estar na nossa terra, entrar na arena, sentir a energia de todo mundo e ver o grande espetáculo. Não é pequeno! Pode ter certeza.

O Boi e as ‘estrelas azuladas’

As pessoas estão com uma sede imensa de gritar “eu tô aqui”, de cantar “é o meu Boi, eu vim ver o meu Boi”. Tenho certeza que em 2022 o Festival será magnifico. E eu tenho certeza que o meu Boi vem com um espetáculo imenso, imenso mesmo. Mas, colocando sempre em evidência, homenageando e jamais nos esquecendo das estrelas azuladas que, infelizmente, essa doença levou. 

Cada um deixou a sua história, por pouco tempo, por muito tempo que viveu, mas deixou sua história, seu legado. E jamais, eu tenho certeza, que jamais o nosso Boi, a nossa nação azulada, se esquecerá de cada um deles. E eu me sinto muito grata de fazer parte dessa história azulada. Posso chegar aqui e dizer “Fernanda, você é parte dessa história azulada”. E digo mais: “é muito gratificante chegar aqui e poder contar um pouquinho da minha história”. 

Então, para 2022, vamos nos cuidar, vamos nos preparar. Infelizmente o vírus ainda está aí. Não como estava antes, que nos assustou, nos devastou. Mas vamos estar aí nos prevenindo, nos cuidando. E vamos nos divertir, porque o que mais queremos é curtir o Festival, o melhor que a nossa cidade pode nos oferecer.

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“Ainda que faltem algumas pessoas, voltaremos a nos emocionar com a reabertura das atividades do Caprichoso

Eu sou Felipe Souza, tenho 23 anos e atuo no Boi-Bumbá Caprichoso há muitos anos. Comecei na Escolinha [de Artes] do Caprichoso cursando percussão. Com o tempo me apaixonei por figurinos de Boi.

Em 2017, aos 17 anos, recebi uma proposta de um amigo para trabalhar como ajudante no Caprichoso. Foi uma experiência muito diferente, eu me senti um pouco realizado ao fazer parte do Festival de Parintins. Em 2018, continuei trabalhando com ele e, no ano seguinte, me convidaram para trabalhar como figurinista: foi mais do que um sonho realizado. Trabalhei com figurinos de ensaio técnico para Cunhã-Poranga [a mulher mais bela da tribo] do Caprichoso, fazendo vários acessórios para ela e foi então que meu nome começou a ser visto.

“O Caprichoso ajudou muito a gente na pandemia com a distribuição de cestas básicas”

A pandemia e os eventos on-line

Em 2020 veio a pandemia e nos obrigou a ficar em casa. Foi um momento muito difícil para a vida de muitos artistas e de muitas pessoas que perderam seus entes queridos.

O Caprichoso ajudou muito a gente na pandemia com a distribuição de cestas básicas e graças a Deus a minha família não foi afetada e não perdemos nenhum ente querido. Porém, lamento por todas as pessoas que perderam.

Pensávamos que até o final de 2020 as coisas melhorariam. Como o Boi Caprichoso não podia fazer eventos abertos ao público, nós fizemos lives como uma maneira de trazer o Boi-Bumbá para dentro das casas das pessoas, com diversão de forma segura. Foi durante esses eventos que meu nome começou a ser mais conhecido. 

Na live do Festival, por exemplo, eu e meu amigo fizemos a roupa da porta estandarte, Marcela Marialva, e a roupa muito comentada. Fiz uma roupa para Marcielle também, que foi bem falada pelo público e assim o meu nome começou a aparecer. Foi uma felicidade muito grande para mim.

“Apesar das tristezas, das perdas, eu também tive os meus momentos de felicidade. Foi, por exemplo, ver o meu nome sendo reconhecido pelo público, pelas pessoas que admiram o meu trabalho”

2ª onda da pandemia: reconhecimento do trabalho

Quando achávamos que voltaríamos ao normal, veio a segunda onda da pandemia, que afetou muitas famílias e, novamente, tivemos que ficar em casa para nos proteger. Neste ano fizemos a live do Festival 2021 e nela eu estreei como figurinista solo do Patrick Araújo, que é o atual levantador de toadas. Esse figurino ganhou o prêmio de “figurino destaque” no Caprichoso e eu fiquei muito feliz pela oportunidade. 

Apesar das tristezas, das perdas, eu também tive os meus momentos de felicidade. Foi, por exemplo, ver o meu nome sendo reconhecido pelo público, pelas pessoas que admiram o meu trabalho. Eu gostaria muito de agradecer a Deus por eu estar aqui e ao Caprichoso por ter me dado essa oportunidade.

Espero que em 2022 possamos nos reunir com a família Caprichoso no Curral Zeca Xibelão e fazer um grande evento com muitos torcedores apaixonados”

Aprendizado: é preciso valorizar o próximo

Com essa pandemia eu aprendi que é importante valorizar o próximo, valorizar minha família, cuidar das pessoas que eu amo. Percebi que o amanhã só pertence a Deus e que nós precisamos nos cuidar. 

Temos que continuar nos cuidando, usando máscara, álcool gel porque ainda não acabou. Por isso, quem ainda não se vacinou, deve procurar uma unidade de saúde para se vacinar. As vacinas salvam vidas.

Logo logo essa pandemia vai acabar e vamos nos reunir novamente como antes. Ainda que faltem algumas pessoas, voltaremos a nos emocionar com a reabertura das atividades do Caprichoso

Espero que em 2022 possamos nos reunir com a família Caprichoso no Curral Zeca Xibelão e fazer um grande evento com muitos torcedores apaixonados. Que neste ano consigamos nos unir e fazer um festival maravilhoso e que os artistas possam trabalhar e conseguir o dinheiro que todo mundo conseguia quando nós tínhamos o nosso Festival antes da pandemia.