E quantos anos a senhora tem dona Tila? Oitenta e nove. E aonde que a senhora mora? Cachoeira. Município de São João do Triunfo.
Pois na pandemia eu fiquei presa na casa, não saía, o neto levava receber, volta pra casa, daí não saí mais pra porta nenhum só na casa. E não aconteceu nada e as pessoas continuam procurando a senhora? Procuraram não parar. Ontem ainda veio uma senhora que trouxe uma menina ela gritando de dor de barriga. Daí eu ensinei remédio porque ou quer fazer mais que ela está com dor de barriga tinha que ensinar remédio. Remédio pra fortificar o estômago porque ela nem come mas não comia mais. E a senhora mudou o jeito da senhora recolher as pessoas, da senhora receber por conta do vírus? Não meu bem .Só que as pessoas chegam e o chimarrão não quer e daí a gente não faz nada só vê o que é que eles precisam. E usam máscara? Alguns vem de máscara, outros não vêem, vêm sem nada. Uhum!E a senhoranão ficou com medode receber as pessoas? Não fiquei com medo, não fiquei com medo de ninguém.
Relato de Donatila Kuller, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Meu nome é Sebastiana, sou benzedeira de Irati e eu agora com essa pandemia eu fiquei um mês só sem aprender, mas não por causa do luto que eu falava é luto.
Mas daí eu continuei atendendo porque as pessoas precisam, tanto as crianças, todo mundo tem dor, tanto as crianças como os adultos.. E eu continuei a benzer, por que eu benzo de, de várias coisas. Eu benzo as crianças de corta o ar dentro de susto, de quebrante, de bicha, e aos adulto e eu costuro rangedura e dor de dente e várias o que precisar o peso da aranha o peso de cobra muitas o que precisar eu to ali pra atender. Graças a Deus todo mundo que vem lá é curado e eu fortificado com o poder de Deus que só Deus pode ajudar a gente a curar as pessoas porque ele pode curar e pode é salvar, pode fortificar as pessoas.
Relato de Sebastiana Ferreira, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Meu nome é Rosalina, popular Rosinha aqui do bairro Vila Nova, Irati, Paraná.
Eu, eu faço simpatia de bronquite é, eu arrumo machucadura, costuro, costura vendedora, faço cone de ouvido é, sou rezadeira de romaria também é, fazemos novas profissão todos os anos esse ano mesmo com a pandemia a gente conseguiu fazer a nossa romaria que é na rua é, na novena rasgada é, pra Nossa Senhora Aparecida eu aqui na minha casa eu não parei passou dois anos graças a Deus eu não fiquei nem com gripe e posso agradecer a Deus por esse motivo. Não deu gripe, fiquei muito bem e atendo normalmente, só que mais machucadura Benzedura de longe e ensina o remédio, simpatia também.
Relato de Rosalina Gomes , produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
E estava com medo desse problema da pandemia mas aqui não recebia ninguém. Curava criança de longe, costurava gente de longe, me dava um nome eu costurava fazia cura em criança pegava o nome e fazia meus pedido de longe, tudo a gente faz com fé né e as pessoa tem muita fé em mim e daí, daí fui levando a vida que, daí a gente com medo dessa doença.
Agora graças a Deus tá, tá calmo, agora eu curo, tô curando criança na cera aos pouquinho. Ponhava a cera para derreter e ponhava o nome da criança embaixo e a parte em cima, derramava cera ali já… Daí, o nego ligava pras pessoa é da coisa, é bicho e a mãe já curou e era bom. Todos os pedidos que eu fazia certo tinham fé também né.
Pedido e cura
Eu não, não vou recorrer porque não é por minha causa é que é a da saúde né? Disseram que não era pra mim receber gente de longe, é pra fazer o pedido e curar a criança e costurar a gente. Aqui bem quietinha então acendia a vela, que a Santa tá ali ne? Acendia a vela e fazia meus pedidos e era aceito. O nego, o nego pôs uma na frente lá. A mãe não está atendendo mais. E daí para baixo. Daí a máquina veio fazer, limpando um lote ali pro lado descendo a direita, né? Arrancaram minha placa dali. Eu disse: Que eu vou por outra! E daí ela tentava ali na frente de mim e depois ali daí eu disse agora a senhora mesmo diz, eu não estou atendendo!
Gente de longe né só fazendo os pedidos aqui entre só eu e Deus né? E daí eles compreenderam que não, não posso, mas hoje ainda por outra colei dois na sexta mas já era só a as mãe com as criança né? Daqui ser conhecida a gente faz na boa fé .Peço pra Nossa Senhora da Conceição. Cada deitar eu vou lá na nas santas lá, tem quatro lá. Eu vou pedir pra saúde.
Relato de Dona Glória Malaquias, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Meu nome é Dejanira, moro em Rebouças, sou benzedeira há quinze anos, muita gente é da Bahia, de longe vem.
Atendo as pessoas de coração, Deus, já vi Nossa Senhora me atendendo quando eu estava doente. Vi Nossa Senhora. Eu falo com Jesus, porque Deus me deu o poder de eu fazer as ervas medicinais, ensinando, aprendendo tudo e não deixo ninguém voltar para trás. Eu atendo.
Na pandemia, pus plaquinha uns dia mas eu sentia que eu não podia atender. Pus um plaquinha que eu não podia atender porque aqui deu muito forte, e em nós não passou nada…
O velho ficou arriado um tempo mas já está bom. Agora que a filha chegou, estamos bem. Nossa filha quer fazer um ano que nós não via.
Relato de Dona Dejanira Machado, produzido pela Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Só depois é que eu fico pensando: Se não acredita, não é que vai pegar. Meu nome é Alzira, moro em Rebouças, e continuei o meu trabalho de benzimento, não fechei as portas pra ninguém, Porque eu não tenho medo, porque tudo acontece quando Deus quer.
Deus não querendo, nada acontece com a gente. Eu tenho curado até gente do lado de Curitiba. Tem uma mulher que tá pra vir agora, só que eu não conheço ela e ela não me conhece. É, só que, eu mesmo fiz meu trabalho, porque eu acho que eu tenho a obrigação. Eu fiz pra essa mulher, eu fiz de longe né? Ela ligou pra mim eu fiz de longe, mas tem vindo é gente de longe do interior pra vim aqui em casa, porque como diz: Eu não escolho, seja lá quem for, me procurou eu estou fazendo.
Relato de Dona Alzira Kinapp, produzido pela Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Eu sempre atendia as pessoas e preparava remédios, garrafas, xarope, pomada, para as pessoas que chegavam no portão, mas precisei me isolar por um mês porque peguei Covid-19. Assim que a doença passou voltei a atender a população, porque foi muito triste ver as pessoas naquele estado.
Lembro que quando tive Covid, foi bem triste, porque fiquei afastada de tudo, das pessoas, não podia visitar nem ser visitada. Tinha que ficar em isolamento por muito tempo e só podia sair pra fazer algumas compras, e voltar logo pra casa.
Eu sempre usava álcool e máscara para benzer as pessoas, que também entravam com máscaras. No entanto, no mês de maio, só benzia de longe. Pois, eu já estava vacinada com a segunda dose. Agora tomei, depois que melhorei, a vacina da gripe. Já estava vencendo os seis meses para eu tomar a terceira dose da CoronaVac.
E estou querendo voltar a trabalhar de novo com as benzedeiras e começar a fazer as reuniões. Durante a pandemia, perdemos muitas benzedeiras, algumas faleceram e outras não puderam atender mais por serem idosas. Muitas famílias não queriam ver suas avós sob riscos de infecção.
Por fim, não sei o dia de amanhã, mas eu tenho ensinado as pessoas a fazerem pomada, tintura, remédios. Mas, o benzimento ninguém quer aprender a fazer. Acho que essa prática um dia vai se acabar.
Relato de Dona Agda Cavalheiro, produzido pela Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Meu nome é Lurdes de Andrade de Paula, sou benzedeira, (…), costuro, faço simpatia, (…). As minhas plantinhas tão aqui que eu tenho aqui né, tudo quanto é remedinho eu uso é da terra né. (…). Mas eu continuei, não parei porque não dá pra parar né. Porque eu preciso ganhar (..), então é isso que eu faço.
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¨São Sebastião Santo
Dê Deus muito Amado
Nós livrai das pestes
Nosso advogado¨
Pelas vossas chagas
Pelo vosso amor
Nós livrai das pestes
Nosso defensor¨
Relato de Dona Delourdes de Paula, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Eu moro aqui em Irati, Conj. Joaquim Zarpellon, sou benzedeira aqui de Irati.
Trato das crianças desde o primeiro aninho até a sua idade maior, a gente costura, a gente faz ¨batida à míngua¨, fazemos simpatia do bronquite, leio carta, rezamos a nossa Romaria, sempre atendendo o nosso povo. Agora na pandemia a gente até deu uma parada mas não foi tanto por causa que a gente tem que cumprir com os compromissos da gente, atendendo os inocentes, atendendo nossos povos de Irati, aqueles que vêm de fora a gente também têm que atender porque eles vem por que precisam. Sabem que a gente faz um bom trabalho então a gente tem que prestar um bom trabalho, um bom serviço a comunidade.
¨São Sebastião Santo
Dê Deus muito Amado
Nós livrai das pestes
Nosso advogado¨
¨Pelas vossas chagas
Pelo vosso amor
Nós livrai das pestes
Nosso defensor¨
Relato de Dona Jacira de Paula, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Eu sou Anita de Almeida, tenho 75 anos, sou indígena da etnia Wapichana e estou ao lado da minha mãe. Minha mãe tem 100 anos e venceu o Covid-19.
Ela ficou com Covid-19 em junho de 2020. Teve muita diarreia, febre e cansaço. Eu e minha irmã a curamos com remédio caseiro. Ninguém soube onde ela pegou a doença. Ela não saía de casa. Ela tinha 99 anos quando contraiu a doença e agora ela vai completar 101.
Mesmo vencendo a doença, ela ficou com sequelas: sente muita dor no quadril e toma remédio todos os dias para diminuir essa dor. Além disso, está perdendo a visão e a audição. Buscamos especialistas para analisar sua visão e eles disseram que a retina da minha mãe está comprometida. Ela não vai mais conseguir recuperar a visão.
Além disso, depois que a minha mãe adoeceu, não podemos mais deixá-la sozinha. Contratamos uma menina para fazer almoço, limpar a casa porque minha mãe não pode fazer nada.
Superação: kit Covid-19 e remédios caseiros
Eu também fiquei com Covid-19. Devo ter pego a doença da minha mãe e foi a minha filha que cuidou de mim. Não cheguei a ficar internada. Fui ao médico e ele receitou ivermectina e cloroquina e eu tomei. Mas me curei mesmo após tomar o remédio caseiro. Era uma mistura de sálvia do campo com mel. Também tomávamos, tanto eu quanto minha mãe, água de coco com inhame e maçã. Assim fomos curadas.
Em nenhum momento ficamos tristes porque nós temos um médico que é o médico dos médicos. Em nenhum momento a gente se desesperou.
Mas perdemos muito também. A minha irmã morreu de Covid-19 em 1° de junho. A gente fica triste por perder uma pessoa, um ente querido. Mas minha mãe é forte e hoje estamos aqui.
O jovem não acredita na pandemia
Já tomei a segunda dose da vacina. Temos que acreditar na medicina. Eu conheço gente que não acredita, que não vai tomar a vacina. Meu filho e minha nora pegaram o Covid-19 e mesmo assim se negam a tomar a vacina.
O pessoal que mora aqui não acredita na pandemia. Ignora os hospitais lotados. O povo quer saber de sair, de farrear, de beber e não é assim. Tem muita gente morrendo e o povo não acredita, principalmente a juventude. O jovem não acredita, mas nós temos que acreditar porque essa pandemia ainda não acabou, ainda não passou e temos que nos resguardar.
Relato da mãe
Meu nome é Helena Leocádio da Silva, tenho 100 anos. Fiquei com as cadeiras doendo, depois as costelas. Mas tomei remédio e passou. Quando minha filha morreu, eu senti sua falta. Ainda estou sentindo muito a sua falta. Ela era tão nova.
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