Meu nome é Vanderlaine, sou de Cuiabá, sou esposa de um reeducando, ele está no CRC. é, sem notícias, é, não entrava nada e nós estamos com o coração muito apertado. Fiquei com o coração muito partido, preocupada sem notícias.
Foi muito difícil, tô desempregada, meu esposo também está desempregado, está preso, perdi na pandemia sim,meu padrasto com câncer e no final ele ficou com covid. Eu fiquei muito feliz, porque ele se vacinou, porque eu estava muito preocupada. Eu estou vacinada, esperando a quarta dose e tenho fé que tudo vai dar certo. Vai voltar ao normal.
Relato de Vandirlaine Campos, produzido pela Associação Mais Liberdade para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Sou antropóloga e tenho acompanhado as benzedeiras do centro do sul do Paraná nos últimos anos. As memórias da pandemia, das benzedeiras, revelam trajetórias de dor, angústias e perdas, mas também de processos de resistência, de organização e de cuidado com a vida.
Então, nesse período da pandemia do covid-dezenove, a rotina das benzedeira foi impactada e alterada drasticamente no atendimento das pessoas que procuram as em suas casas.
Como medida de segurança, isolamento social e físico, as benzedeiras realizaram benzimentos à distância, usando cada vez mais as tecnologias da comunicação como os aplicativos do WhatsApp, do Facebook e também com ligações por chamadas que receberam e anotaram o nome das pessoas que pretendiam benzer.
Rede de apoio
Também foram apoiadas por suas famílias, filhos, filhas, principalmente netos e netas que ajudaram no manuseio de smartphones para que pudéssemos fazer essa mediação. Também já é uma prática das batedeiras, uma prática tradicional, o benzimento à distância é, quando chega até as benzedeiras, recados de vizinhos e parentes que trazem o nome ou peças de roupa da pessoa que tá buscando o benzimento, para que a benzedeira possa realizar a prática de curas.
Movimento aprendiz da sabedoria, que é organização social das benzedeiras do Centro-Sul do Paraná, participou ativamente de lives, encontros, discussões, né? Com algumas benzedeiras que tiveram condições de realizar esses encontros de forma remota, nas plataformas virtuais, né?
Com destaque ao evento BENZEDEIRAS MULHERES DE FÉ, promovido pelo Museu Paranaense homenageou as benzedeiras do Paraná no mês de março de dois mil e vinte e um e assim como outros espaços de encontro e de troca de experiências.
Mesmo num momento de perdas, de tensões, de angústias, as benzedeiras continuaram praticando o benzimento, é Contribuindo, promovendo a saúde popular através de suas orações, de suas rezas, dos seus conhecimentos, sobre o uso das plantas medicinais e desta forma também ela tem amenizado essas feridas, essas dores da pandemia.
Relato de Taisa Lewitzki, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Estou recluso no Centro de Ressocialização de Cuiabá. Estou preso há dois anos já aqui no cinema e hoje a pandemia veio. Infelizmente no momento é ruim, no momento que eu estou passando por mais dificuldade é mais a parte emocional. E hoje eu estou é sem as visitas. Assim como os familiares vem me visitar então assim nós está um transtorno mentalmente é ruim , infelizmente mas é nós estamos buscando outros meios. Como eu estou no sistema penitenciário aqui do CRC tenho a biblioteca e eu fiz algumas atividades.
Ressaltando que com restrição nós tá é buscando ler pra tentar fugir um pouco dos familiares pois não tem visita nem de sistema. Então nós está buscando esses mecanismos de leituras, de trabalhos. Que tenham restrição à distância, fiz partes assim e o sistema propõe pra nós. É como a faculdade também nos busca. A estudar também virei a ver o sistema e o mestrado também que fazemos também aqui. Então ela ajuda muito, Conforme essa pandemia tá tão expansiva.
Buscar novas oportunidades
Muitas pessoas morrendo, então nós não conseguimos compreender e entender. A situação mas sempre nós buscamos arrumar uma forma de distração, sempre a leitura. A Bíblia que nós lemos bastante é a forma de buscar a Deus. É pra forma de esquecimento do mundo lá de fora e dos familiares para não sofrer tanto como nós sofremos tanto aqui nesse sistema. Eu agradeço a Deus, já tomei as duas doses da vacina.
A minha expectativa daqui pra frente é sair daqui e buscar uma ressocialização lá fora, uma qualificação melhor lá fora e buscar uma mudança que esse percurso todo passando aqui dentro do sistema porque eu estou refletindo muito. Queremos a mudança ão só não só mentalmente e espiritualmente. E graças a Deus o sistema está favorecendo até mesmo esse mecanismo, com contato com psicólogo entre outros que ajuda bastante dentro do sistema.
Relato de Raony Silva, produzido pela Associação Mais Liberdade para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Olá, bom dia, me chamo Patrícia e meu esposo encontra-se privado da liberdade e na época da epidemia foi difícil. Porque foi desesperador a gente não tinha notícia a gente tinha vídeo chamada onde era difícil a gente conseguir fazer.
A gente não obteve a situação dos agentes penitenciários, que eles falavam que era coisa do Estado, então não foi fácil, né? Tiraram a comida, tiraram tudo, todos sabem que a comida que vem não é a comida adequada, né? Não é comida de boa qualidade, porque é muita, comida pra fazer pra muitos presos, então não é fácil.
Até nessa época de agora pro retorno das visitas mesmo a gente tá com a situação privada de tá levando as coisas pra eles estarem se alimentando ou comer alguma coisa diferente, tudo isso tá sendo difícil pra nós agora na epidemia.
Sem poder ver meu marido
E em questão assim dá vacina graças a Deus. Deu tudo certo, meu esposo foi vacinado, mas assim é muito e em questão assim da epidemia também. Não foi fácil porque veio a epidemia, eu perdi o emprego, fiquei desempregada sofrendo um acidente, agora eu tive no momento agora eu tô usando joelheira. Porque não faço, várias pessoas tem passado por necessidade, fora essas pessoas que que são parente privado, que faleceu, não teve o direito de se despedir do seu próprio familiar.
Então, não foi uma, foi de dez, oitenta pessoas que perderam, os familiares não podem ver. Por estar privado. Então, tudo isso a epidemia trouxe pra nós uma situação muito difícil, uma situação que abalou todas nós. Porque não é fácil, graças a Deus minha esposo não pegou a covid mas alguns companheiros pegaram e não foram um, foram vários, então não foi fácil, então eu sou muito grata a muitas pessoas, a associação que tem nos ajudado.
Tô muito feliz e graças ao meu esposo, foi vacinado, todos os demais que estão com ele foram vacinados. Para todas as pessoas que se encontram privadas, e as pessoas que são que não são as privadas, que são do foro, rever a situação, tudo certinho porque é muito difícil, muito difícil você querer levar uma comida. Não tem condições e agora as coisas que estão voltando…
Relato de Patrícia Machado, produzido pela Associação Mais Liberdade para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Olá, meu nome é Milene Aparecida Padilha Galvão, eu sou historiadora, sou graduada e mestra em história aqui pela Universidade estadual do centro-oeste do campus de Irati aqui no Paraná a Unicentro e eu atuo dentro do movimento aprendiz da sabedoria desde o ano de dois mil e nove, desde dezembro de dois mil e nove.
Então já faz mais de uma década que eu acompanho o movimento das benzedeiras e que pra mim é uma honra fazer parte de movimento tão especial e tão singular não apenas aqui na nossa região, mas que a partir das suas ações tem tomado proporções gigantescas. E o movimento aprendiz da sabedoria ou o movimento das benzedeiras como é conhecido por aqui ele surge em dois mil e oito a partir dos sobre as construções dos povos e comunidades tradicionais mais especificamente os povos dos faxinais e é dentro das discussão dos povos tradicionais que surge o Movimento Aprendizes da Sabedoria e todo o processo de mapeamento social dos ofícios tradicionais.
O processo de mapeamento social dos ofícios tradicionais e das benzedeiras propriamente dito, é um processo muito enriquecedor, porque a partir dele é permitido a gente conhecer uma cultura que está aí diariamente no nosso cotidiano, pelo menos pra nós aqui da região centro-sul do Paraná e que acreditava-se que era alguns ofícios que não existiam mais como benzedeiras,benzedores, parteiras, rezadeiras e com o mapeamento nós vimos desde dois mil nove que é uma cultura que tá crescendo e as pessoas estão procurando, que é muito importante, tanto a um mais de uma década atrás, quanto agora.
Se vocês tiverem mais interesse em conhecer o mapeamento dos ofícios tradicionais de cura, o processo que originou o movimento aprendiz da sabedoria, eu indico pra vocês que sigam as nossas redes sociais, temos o Movimento Aprendiz da Sabedoria no Instagram e no Facebook é aprendiz da sabedoria, um perfil e também temos uma página.
Eu estou aqui pra falar pra vocês como foi importante as práticas das benzedeiras e tudo aquilo que elas representaram nesses dois anos de pandemia que foi o momento em que nós tivemos que nos recolher para dentro das nossas casas e da fé dar um novo sentido pras nossas vidas. As benzedeiras foram um símbolo não apenas de resistência, mas um símbolo de fé e de que a gente pode na fé encontrar motivos pra seguir adiante.
Além de nós termos um movimento muito forte e que respaldou o dom de cada benzedeira de cada benzedor, de cada costureira, machucadura e rendidura de cada parceira, de cada romeiro de São Gonçalo, nós temos um movimento que num período muito difícil, que foram esses dois últimos anos, elas continuam em movimento, elas não pararam, embora todas as nossas reuniões, os nossos encontros físicos, presenciais, eles não pudessem existir, houve através da tecnologia, através de todo cuidado do uso da máscara e do álcool, uma ressignificação de tudo aquilo que as brasileiras representam nos últimos dois anos e participamos seis ou sete.
Pelas redes sociais, movimento foi premiado por três vezes em dois prêmios no projeto e trajetórias de vida e um nesse projeto em que a gente tá fazendo esses vídeos pra plataforma então essas premiações mostram o quanto é importante o movimento se ressignificar, ressurgir exatamente como a Fênix. O movimento ressurge a partir de um novo contexto, a partir de uma doença que vem que é invisível.
Mas que nos tranca dentro de casa e que somente a fé e as práticas de cura, das práticas tradicionais a gente pode dar um novo sentido pra vida. Vocês podem entrar em contato, seja através das redes sociais ou através dos nossos WhatsApp. Podem vir nos conhecer e eu acredito que vai ter um dois mil e vinte e dois muito mais esperançosos. Com a fé de que a gente possa presencialmente. Um abraço a todos e todas e até mais.
Relato de Milene Galvão, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Oi, meu nome é Maria, eu sou esposa do Reeducando se encontra no CRC de Cuiabá e eu vim falar sobre a pandemia né? Que a gente teve muita dificuldade sobre questão de remédios, muitas pessoas morrendo, vacina a gente não sabia se eles estavam tomando ou não, porque não estava tendo visita íntima e as vídeo chamadas também não estavam tendo, estava sendo muito difícil pra gente e muitas pessoas perderam familiares.
E isso afetou muito a gente, gente, com ansiedade, preocupada, não sabia o que tava acontecendo, não tava entrando as coisas sem visitas, sem, nada não estava entrando remédio tudo parado e a dificuldade bateu na porta de todo mundo, muitas pessoas perderam seus serviço eu inclusive né? Perdi meu emprego, fiquei numa fase difícil, não tava entrando remédio e não tinha videochamada, tava muito complicado mesmo.
Relato de Maria Souza, produzido pela Associação Mais Liberdade para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
E quantos anos a senhora tem dona Tila? Oitenta e nove. E aonde que a senhora mora? Cachoeira. Município de São João do Triunfo.
Pois na pandemia eu fiquei presa na casa, não saía, o neto levava receber, volta pra casa, daí não saí mais pra porta nenhum só na casa. E não aconteceu nada e as pessoas continuam procurando a senhora? Procuraram não parar. Ontem ainda veio uma senhora que trouxe uma menina ela gritando de dor de barriga. Daí eu ensinei remédio porque ou quer fazer mais que ela está com dor de barriga tinha que ensinar remédio. Remédio pra fortificar o estômago porque ela nem come mas não comia mais. E a senhora mudou o jeito da senhora recolher as pessoas, da senhora receber por conta do vírus? Não meu bem .Só que as pessoas chegam e o chimarrão não quer e daí a gente não faz nada só vê o que é que eles precisam. E usam máscara? Alguns vem de máscara, outros não vêem, vêm sem nada. Uhum!E a senhoranão ficou com medode receber as pessoas? Não fiquei com medo, não fiquei com medo de ninguém.
Relato de Donatila Kuller, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Meu nome é Sebastiana, sou benzedeira de Irati e eu agora com essa pandemia eu fiquei um mês só sem aprender, mas não por causa do luto que eu falava é luto.
Mas daí eu continuei atendendo porque as pessoas precisam, tanto as crianças, todo mundo tem dor, tanto as crianças como os adultos.. E eu continuei a benzer, por que eu benzo de, de várias coisas. Eu benzo as crianças de corta o ar dentro de susto, de quebrante, de bicha, e aos adulto e eu costuro rangedura e dor de dente e várias o que precisar o peso da aranha o peso de cobra muitas o que precisar eu to ali pra atender. Graças a Deus todo mundo que vem lá é curado e eu fortificado com o poder de Deus que só Deus pode ajudar a gente a curar as pessoas porque ele pode curar e pode é salvar, pode fortificar as pessoas.
Relato de Sebastiana Ferreira, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
Meu nome é Rosalina, popular Rosinha aqui do bairro Vila Nova, Irati, Paraná.
Eu, eu faço simpatia de bronquite é, eu arrumo machucadura, costuro, costura vendedora, faço cone de ouvido é, sou rezadeira de romaria também é, fazemos novas profissão todos os anos esse ano mesmo com a pandemia a gente conseguiu fazer a nossa romaria que é na rua é, na novena rasgada é, pra Nossa Senhora Aparecida eu aqui na minha casa eu não parei passou dois anos graças a Deus eu não fiquei nem com gripe e posso agradecer a Deus por esse motivo. Não deu gripe, fiquei muito bem e atendo normalmente, só que mais machucadura Benzedura de longe e ensina o remédio, simpatia também.
Relato de Rosalina Gomes , produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
E estava com medo desse problema da pandemia mas aqui não recebia ninguém. Curava criança de longe, costurava gente de longe, me dava um nome eu costurava fazia cura em criança pegava o nome e fazia meus pedido de longe, tudo a gente faz com fé né e as pessoa tem muita fé em mim e daí, daí fui levando a vida que, daí a gente com medo dessa doença.
Agora graças a Deus tá, tá calmo, agora eu curo, tô curando criança na cera aos pouquinho. Ponhava a cera para derreter e ponhava o nome da criança embaixo e a parte em cima, derramava cera ali já… Daí, o nego ligava pras pessoa é da coisa, é bicho e a mãe já curou e era bom. Todos os pedidos que eu fazia certo tinham fé também né.
Pedido e cura
Eu não, não vou recorrer porque não é por minha causa é que é a da saúde né? Disseram que não era pra mim receber gente de longe, é pra fazer o pedido e curar a criança e costurar a gente. Aqui bem quietinha então acendia a vela, que a Santa tá ali ne? Acendia a vela e fazia meus pedidos e era aceito. O nego, o nego pôs uma na frente lá. A mãe não está atendendo mais. E daí para baixo. Daí a máquina veio fazer, limpando um lote ali pro lado descendo a direita, né? Arrancaram minha placa dali. Eu disse: Que eu vou por outra! E daí ela tentava ali na frente de mim e depois ali daí eu disse agora a senhora mesmo diz, eu não estou atendendo!
Gente de longe né só fazendo os pedidos aqui entre só eu e Deus né? E daí eles compreenderam que não, não posso, mas hoje ainda por outra colei dois na sexta mas já era só a as mãe com as criança né? Daqui ser conhecida a gente faz na boa fé .Peço pra Nossa Senhora da Conceição. Cada deitar eu vou lá na nas santas lá, tem quatro lá. Eu vou pedir pra saúde.
Relato de Dona Glória Malaquias, produzido pelo Instituto de Educadores Populares para o 2º Edital de Fomento da Memória Popular da Pandemia
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