“A vacina é uma esperança, uma luz no fim do túnel”

Fotografia preto e branca de Ana Maria recebendo a vacina contra a Covid-19 acompanha relato sobre a esperança da imunização.

Memória de Ana Maria Brighenti Fávero

Aposentada e dirigente sindical - Guatambu, SC
A

Estou imunizada! O dia de receber a minha vacina chegou e quero relatar a minha experiência aqui na Memória Popular da Pandemia. Recebi as 2 doses, eu e meu esposo. Para mim, a vacinação foi uma esperança, e a minha vez foi muito tranquila.

Moro no interior de Guatambu, em Santa Catarina. É um município pequeno, com população estimada em 4.692 habitantes, segundo a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, não enfrentei fila. E, como sou hipertensa, me vacinei antes da maioria dos brasileiros.

A Unidade Básica de Saúde (UBS) onde fui vacinada fica a 3 km de minha casa. Fui sozinha de carro próprio. Chegando lá, me deparei com várias pessoas aguardando tão esperada hora. Mas não chegou a fazer fila, pois havia duas profissionais da saúde vacinando. A emoção era visível no olhar de cada pessoa que estava lá. A vacina é uma esperança, uma luz no fim do túnel.

Em foto, é possível ver Ana Maria Brighenti de máscara e sentada em uma cadeira. Ao seu lado está uma enfermeira de pé aplicando vacina no braço. O olhar de Ana Maria está focado na aplicação da vacina. Foto acompanha o relato “A vacina é uma esperança, uma luz no fim do túnel” da Memória Popular da Pandemia.
Eu recebendo a vacina

A enfermeira que me atendeu foi uma pessoa muito querida, atenciosa e muito profissional. Viva o SUS!

Em 28 dias recebi a segunda dose e não senti nada. Eu fui imunizada com a CoronaVac e não tive reações. Já o meu esposo recebeu a AstraZeneca e teve muita reação: calafrios, dores no corpo, dor de cabeça e náuseas. Tudo isso por dois dias. Enfim, o mais importante é que estamos imunizados. Enquanto isso, alguns familiares seguem aguardando a segunda dose.

“Tive muito medo por minha família”

No início da pandemia fiquei muito apavorada, como todo mundo ficou, pensei que não sobreviveria. Meu medo era também por meus familiares, principalmente por minha netinha que tinha acabado de nascer, estava com 4 meses. Passei muitos dias agoniada, sem dormir e chorando muito.

Em foto, é possível ver os rostos de Ana Maria Brighenti, sua filha e sua neta sorrindo alegremente. Foto acompanha o relato “A vacina é uma esperança, uma luz no fim do túnel” da Memória Popular da Pandemia.
Na foto: eu, minha netinha e minha filha.

Faço parte do chamado grupo de risco, sou hipertensa. Minha filha também é do grupo de risco, fez bariátrica, então meu medo era maior ainda. Seguimos todos os protocolos de cuidados, mas, mesmo assim, o que eu temia aconteceu.

Em foto, é possível ver os rostos da filha, genro e neta de Ana Maria Brighenti. Ao fundo há uma praia. Foto acompanha o relato “A vacina é uma esperança, uma luz no fim do túnel” da Memória Popular da Pandemia.
Neta, filha e genro

Minha filha e meu genro se contaminaram e minha filha estava amamentando a bebê. Isso foi em fevereiro deste ano, 1 ano após o início oficial da pandemia no Brasil. Foram duas semanas terríveis, eu longe delas sem poder ajudar, me sentindo impotente, amarrada. Ela não foi hospitalizada, porque não tinha vaga nos hospitais e uma internação só ocorreria em último caso. Graças a Deus, o pior passou, mas, até hoje, ela sofre algumas sequelas: como tristeza, desânimo, irritabilidade e cansaço.

“Minha irmã faleceu de Covid-19 antes de receber a vacina”

Em junho deste ano, a pior experiência da pandemia aconteceu na nossa família. Perdi uma irmã de 58 anos e que não tinha nenhuma comorbidade. Digo isso diante da falácia de que só morre de Covid-19 quem já sofre de alguma doença. Não teve tempo para ela receber a vacina. Foram duas semanas de internação, sendo que por 4 dias ela ficou na UTI intubada. Só quem passa sabe a dor terrível de perder uma pessoa querida sem ao menos se despedir. ?

Em foto, é possível ver a irmã de Ana Maria Brighenti abraçada com um neto. Os dois sorriem sentados em um sofá. Foto acompanha o relato “A vacina é uma esperança, uma luz no fim do túnel” da Memória Popular da Pandemia.
Minha irmã com um dos netos

Durante a minha vacinação, senti um misto de emoções: alegria por estar recebendo uma dose de esperança, de vida, mas, ao mesmo tempo, tristeza por minha irmã não ter tido tempo de ser vacinada.

O conselho que dou às pessoas que estão aptas a se vacinarem é: não percam tempo. Muitos não puderam viver esse momento.

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